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Resenha: A Prometida (A Prometida, vol. 1) - Kiera Cass

sexta-feira, 29 de maio de 2020


A Prometida, Kiera Cass. São Paulo: Seguinte. 2020, 344 págs.
Tradução: Cristian Clemente
COMPRAR: Amazon | Outras Lojas

Saudações Leitores!
A Prometida (The Betrothed, 2020), da autora norte-americana best-seller Kiera Cass, se trata do primeiro livro de uma série / duologia (?). Kiera Cass ficou conhecida por A Seleção, A Elite, A Escolha, A Herdeira, A Coroa, Felizes para Sempre (Série A Seleção) e A Sereia.

Como já venho acompanhando Kiera Cass desde seu primeiro lançamento no Brasil, fiquei empolgada com a perspectiva de A Prometida, pois amo histórias que se passam na realeza e a autora já tinha se provado ótima para retratar esse cenário, contudo, já que me decepcionei um pouco com os últimos livros publicados, amarrei minhas expectativas para evitar frustrações, pois evidentemente, quem lê Kiera sabe que ela tem seus altos e baixos.

Porém, lamentavelmente, tenho que dizer que, mesmo com as expectativas lá em baixo, A Prometida, ainda conseguiu me frustrar, inclusive, fiz uma resenha de A Prometida Em Vídeo, caso queiram conferir, lá falo sobre outros pontos que não mencionei neste post.


Nesse primeiro volume de A Prometida somos ambientados em um reino chamado Coroa, que é onde nossa protagonista Lady Hollis Brite vive. Hollis sempre viveu uma vida privilegiada e cresceu no castelo de Keresken e, portanto, já conhece o rei Jameson, que é tido como um conquistador de mulheres.

No entanto, no princípio do livro, já ficamos a par de que o rei Jameson está dando atenção a Hollis, o que a torna uma forte candidata a se tornar rainha, só que Hollis, conhecendo a fama do rei nunca levou muito a série a perspectiva de ser a escolhida do rei, até perceber que está no centro das atenções dele.

Jameson está cortejando Hollis e ela também está flertando com ele e querendo se manter a altura para ser uma boa rainha, afinal, todas as rainhas coroanas eram famosas por serem inteligentes e corajosas, mas, no desenrolar dos acontecimentos, ela vai percebendo que Jameson, pode estar interessado nela apenas pela sua beleza, querendo que seja praticamente um troféu a ser mostrado e apresentado na corte, ou seja, não quer que ela opine e tenha ideias próprias.

Eu gostava de Jameson. Seria loucura não gostar. Ele era bonito, rico e, céus, era o rei. Também dançava bem e era uma ótima companhia, quando estava de bom humor. Mas eu não era tola. Eu o tinha observado passar de uma moça para outra ao longo dos meses anteriores. Haviam sido pelo menos sete, contando comigo. Isso considerando apenas os casos de que todos na corte sabiam.


Hollis já, relativamente abalada por essa constatação, acaba se deparando com a família Eastoffe, que são de Isolde (outro reino, governado por um rei considerado tirânico), que se dirigem ao o rei Jameson (considerado um rei justo e corajoso) para pedir asilo no reino.

Jameson aceita que essa família vá morar em Coroa e o mais esquisito é que os coloca na corte (como pode, hein? Estrangeiros, de Isolde e plebeus e são convidados a ficar na corte? Se eu já tinha revirado os olhos milhares de vezes até aqui, neste momento eu fiquei: Kiera Cass, o que você está fazendo?). Então, quando Hollis põe os olhos em Silas (um dos filhos dos Eastoffe) se apaixona sem nem sequer perceber (SIM, TEMOS UM INSTALOVE).

Obviamente, quando Silas e sua família ficam na corte, significa que vai haver encontros de Hollis com Silas e sua família, então uma amizade vai surgindo e Hollis vai percebendo o quão maravilhoso Silas é e o quanto ele a vê como ela é realmente.

É assim que Kiera constrói o triângulo amoroso mais sem noção de todos os livros! Mas também é partir da introdução de Silas (que demora muito acontecer, diga-se de passagem) que o livro começa a ficar um pouquinho melhor, mas não melhora grande coisa.

A posse mais valiosa que se pode ter é a garantia de um lugar no coração de alguém.


Infelizmente, meus queridos, em A Prometida, estamos diante de um flope da Kiera Cass, no entanto, a narrativa da autora segue sendo bem fluida e constituída de dos muitos diálogos (vários bem desnecessários), fazendo com que seja possível ler o volume bem rápido.

A Prometida é o tipo de livro e de história que a gente lê sem precisar pensar muito, não tem nada surpreendente. O que é bom, mas também é ruim porque significa que o livro carece de uma construção de narrativa com mais detalhes, mais descrição de ambiente e de personagens melhor construídos.

Em momento algum temos uma descrição ou detalhes mais profundos sobre Coroa ou Isolde (tem algumas pinceladas sobre a história de Coroa, mas nada tão UAU assim), Os personagens também não foram bem construídos, são fracos e unidimensionais, dificilmente algum deles poderá emocionar ou empolgar qualquer leitor. Você nem sequer consegue saber o que eles estão pensando e sentindo realmente.

E será que uma pessoa que se esforça ao máximo para buscar o meio-termo não dá um ótimo exemplo do que todos deveríamos fazer? Por que tudo precisa ser uma competição?


Outro pecado de Kiera Cass foi na construção do romance. A Prometida,  vem com a proposta de ser um romance, certo? Então o mínimo que eu esperava era que o romance me arrebatasse, porém, não tem como shippar nenhum casal nesse livro, o romance ficou longe de ser envolvente e interessante. Se houve amor aqui, como foi que isso aconteceu? E olha que não tenho nada contra a Instalove, mas mesmo eles precisam ser bem estruturados, não acha?

Kiera Cass coloca Hollis apaixonada por Silas e disposta a tudo para ficar com ele, mas em momento algum mostra Silas sendo honesto com Hollis, além de dizer que a amava, o rapaz nunca chegou a falar sobre o que levou ele e sua família a saírem de Isolde, nunca falou de sua posição naquele país e tão pouco esclareceu o que eram os Cavaleiros Negros. Nem ele, nem a família dele, foram 100% honestos com Hollis, o que tornou as decisões dela bem aleatórias e precipitadas.

Uma coisa que me chateou muito é que em 70% do livro nada acontece (li em e-book), ou seja, é nos 30% finais do livro que um monte de coisa começa a acontecer numa velocidade assustadora, sem justificativa, sem explicação e, sobretudo, quando a história não dava sinais de estar caminhando para o que de fato aconteceu nesses 30% finais do livro.

É apavorante descobrir que a liberdade não é o que você pensava. Que o amor não é o que você pensava.


Obviamente que foi nesses 30% finais do livro que ocorreu um verdadeiro plot twist que apesar de super chocante, não salvou o livro.

Na realidade, o plot desse livro já me fez visualizar várias coisas para o próximo volume (tenho várias teorias a respeito) e vai ser difícil a escritora "escapar" da previsibilidade, no entanto, talvez, por conta do que eu imagino que poderá ter na sequência, eu possa  - quem sabe - ler o próximo livro só para ter certeza.

Honestamente, depois de 50% do livro já tinha perdido a esperança de gostar de A Prometida (tanto do enredo, quanto dos personagens) e pude comprovar isso depois de tudo o que aconteceu no plot: eu não liguei para NADA DO QUE ACONTECEU.

Isso é bastante incomum, veja bem: quando você lê um livro e está gostando, você se importa com alguma coisa, seja com o enredo (o que será que vai acontecer, hein?) ou com os personagens (tomara que ela fique com ele, tomara que eles não morram, tomara que ninguém atrapalhe o romance, etc.), mas eu nunca fui tão indiferente lendo um livro, para mim, tanto fazia o que fosse acontecer com os personagens ou com o rumo da história. Lavei minhas mãos em 50% da leitura.

Se você, Hollis Brite, fosse uma estrela, seria o sol. Se fosse um pássaro, seria um canário. Se fosse uma pedra, seria uma citrina.


Para completar, na minha humilde opinião, esse livro poderia ter começado e terminado em um único volume, mais de 50% do livro não aconteceu nada relevante, então se tivesse sido melhor trabalhado, dava para ter sido um livro muito melhor e completo. Começo, meio e fim. Teria sido menos doloroso ler. Sério.

Já falei que a fluidez dos livros da Kiera são um ponto muito forte da escritora, mas em A Prometida, tenho que falar de outra coisa que melhorou em relação a seus livros anteriores. Kiera escutou seus leitores e trouxe um desenvolvimento melhor em relação a abordagem dos aspectos políticos.

Nisso ela deu uma baita melhorada, porque a gente vê o desenvolvimento de aspectos políticos em potencial, na parte da visita dos reis de Isolde, a forma como Hollis vai se envolvendo com a rainha e algumas pistas que ela vai pegando sobre aquele governo, são fundamentais para o que pode vir a se delinear no próximo volume.

.. você é a única pessoa no mundo que quero conhecer de verdade.


Além disso terminei o livro com várias perguntas sem respostas que não sei se Kiera tocará no assunto no próximo volume, mas jogar isso em A Prometida e não desenvolver ficou extremamente ruim e não custava nada ter algumas respostas nesse primeiro volume já que nada aconteceu, por exemplo, quero respostas para:

1. Por que os pais de Hollis a tratavam daquela forma?
2. Como Silas não conversava com a Holis sobre Isolde?
3. Por que Hollis jogou tudo para o alto, sem buscar conhecer o rapaz melhor antes de fazer o que fez?
3. Como assim o rei Jameson aceitou numa boa ter sido deixado por sua "prometida"? Será que não foi humilhante e ele não guardou nenhum remorso?
4. Uma pessoa em sã consciência realmente trocaria o rei e uma coroa, por algo que nem sequer se deu ao trabalho de investigar? (risos)

Pra finalizar, revirei tanto os olhos durante essa leitura que vi a hora terminar o livro vesga. Sinceramente, eu vi A Prometida como se fosse um livro escrito para crianças e não para um público jovem, tem tantos outros livros jovens mais bem construídos e com argumentos melhores que eu ficava pensando que não era possível que A Prometida fosse isso que eu estava lendo. 

Estou muito, muito MUITO desapontada, decepcionada e não sei o que pensar ou esperar de futuros livros da Kiera Cass... tô ficando desmotivada para ler a escritora. Espero que ela "acerte" no próximo volume, para eu voltar a amá-la.


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4 comentários :

  1. Olá! Concordo com todos os pontos que você trouxe na resenha. Apesar que a única coisa que pensei diferente de você foi que, com o plot nos 30% finais eu fiquei pensando: Meu Deus, por que essa autora não fez o livro assim desde o início? E olha que até quando o plot acontece tudo ainda é muito raso.
    O jeito é torcer para os questionamentos que temos sejam respondidos no próximo livro né?
    Adorei a resenha!
    Abraço!

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    1. Pois então, eu não coloquei isso na resenha, né? Mas é isso que eu achei também, por que Kiera não escreveu assim o livro inteiro?

      Um plot daqueles (a melhor parte do livro) e foi tão mal desenvolvido, dava pra ter tirado um bocado de besteira nesse livro e ter dado um destaque e uma boa melhorada no plot.

      Tô até querendo ler a continuação, porém, sem grandes expectativas, porque meio que já tenho várias teorias sobre o que poderá acontecer, então não vejo como ela poderá me surpreender. Mas.... vai que surpreender, então só resta conferir.

      Agora eu só queria que ela desse uma melhorada na escrita dela, que mesmo fluida, não é bem construída e é imatura para o público jovem.

      xoxo
      MilaF.

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  2. Meu Deus, meu Deus!!

    Concordo com você 100%, hehehe caraca!
    Eu tenho o costume de quando leio algo denso, logo que termino leio algo mais leve e quase sempre esse "algo mais leve" é um romance (young adult). Li a A Prometida depois de "Os irmãos Karamázov", estava sedento por algo mais de boas. Como já havia lido e adorado mesmo a saga "A seleção", li "Sereia" também, então resolvi ler A Prometida.

    Me desapontei muito, muito mesmo, é inevitável não comparar as duas personagens da autora - America e Hollis. Uma totalmente engajada, e a outra tentando sofridamente ser feminista.
    Outro ponto nesse livro que me incomodou foi o "feminismo" dele (livro), pois nele fica claro algo que não achei escancarado nos outros. O feminino nesse livro é totalmente branco, e falo isso com pesar pois eu achei a Hollys além de fútil, mimada, egoísta, blá, blá. Eu a achei muito racista, mas não sei se a Hollis, pois se fosse uma característica do personagem ela trabalharia em cima e a resolveria, teria uma moral. Mas não, fica explícito na passagem do livro e pode passar despercebido para alguns, isso me deixou muito chateado e desconfortável, em vista do mundo hoje, não estou falando de Monteiro Lobato é Kiera Cass ano 2020. Eu sou branco e ciente dos meus privilégios. Ela pode criar histórias somente com personagens brancos (mesmo sabendo que com seu alcanse, seria legal ela se preocupar com inclusão), mas tomar cuidado com as frases que escreve, e permanecer mesmo nesse status quo. Tudo bem mana.

    [...]"Mas vi de relance os olhos azuis de Silas, e minha mente deu um salto para o futuro imaginando filhos com aqueles olhos azuis perfeitos e minha pele morena." (sofrida pág. 224)

    [...] "But Icaught sight of Silas’s blue eyes, and my mind jumped forward, imagining children with those perfect eyes and my olive skin."

    -Em inglês fica pior!

    Fico pensando nos adolescentes que suas obras alcançam, que vão ler o livro, e não têm esses olhos perfeitos (e a pele branca, pois ela usa morena só nesse trecho, só aí é traduzido assim) essa galera que têm mais noção de dificuldade e resoluções que essa personagem. E olha que eu adorei a Eadlyn, a gente começa "A herdeira" odiando ela, mas ela nos conquista, a noção de mundo dela muda junto, o carisma mesmo. Comparo ela com a Mia no "Diário da princesa", você enxerga as mudanças, no último livro é muito legal, você analisar o todo, e olha que os livros da Cabot são super comerciais.

    Enfim esperava mais, por toda nossa história com os livros da Kiera, por boas histórias no mundo de hoje. Com conflitos inteligentes, trama bacana, personagens bem construídos.
    Esperança Mila, temos ainda
    A cantiga dos pássaros e das serpentes - Suzanne Collins, Sol da meia-noite - Stephenie Meyer, não sei se você curte também!!

    Abração, adoro o blog e gostei muito dessa resenha!!

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    Respostas
    1. UAU

      "Os irmãos Karamázov"? Meu Sonho. Queo muito ler.

      Acho que sou como você, quando leio algo muito "denso" procuro dar uma sopesada e ler algo mais leve em seguida, porque se a gente não faz isso corre o risco de entrar numa ressaca literária, né?

      Pois então, A Prometida, lamentavelmente foi um tiro no pé, também percebi o falso feminismo da Hollis, inclusive a forçada sororidade que ela tem com as outras mulheres que mesmo fodendo com ela, ela age "de boas". Não acho que sororidade é ser feita de trouxa, mas aí já é outra história.

      A falta de representatividade de Kiera Kass nesse livro é bem alarmante, sei que na vida real a maior parte da monarquia eram de pessoas brancas, mas isto é uma ficção em pleno 2020 e queremos representatividade, ou pelo menos um livro que não perpetue o racismo, né?

      Estou falando também como uma pessoa na "cor privilegiada" e preciso dizer que isso me incomoda quando não vejo representatividade nos livro, porque a minha vida, as pessoas no meu entorno (inclusive o meu papi) não são todas brancas, porque diacho os livros tem que trazer essa homogeneidade forçada nos personagens? Ou ressaltar tais características? Pelo amor de Deus! Acho mesmo um absurdo.

      Mas tudo bem, quem seja, Kiera veja as criticas e procure melhorar no próximo volume, inclusive com a construção da narrativa, porque até para o público infantil não está rolando (tendo em vista que há livros infantis super bem escritos).

      Também quero ler A cantiga dos pássaros e das serpentes, Sol da meia-noite e o Malorie, acho que são os livros mais esperados para o momento.

      Inclusive tô esperando A cantiga dos pássaros e das serpentes chegar para ler.

      Muito obrigada por ter vindo aqui comentar, adorei seus pontos e amo os debates que ele pode gerar. Parabéns por isso!

      xoxo
      MilaF

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Muito obrigada pelo Comentário!!!!

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