Saudações Leitores!
Gente, meu coração tá explodindo de vontade de falar de O Menino no Alto da Montanha porque amei com todas as minhas força e preciso desabafar e fazer com que vocês desejem ler também.
>>> Para saber mais sobre esse livro acesse
AQUI.
O Menino no Alto da Montanha, John Boyne, São Paulo: Seguinte, 2016, 225 pág.
Traduzido por: Henrique de Breia e Szolnoky
The Boy at the Top of the
Mountain (2015)
é o mais novo livro do meu escritor irlandês favorito, John Boyne, publicado no Brasil com o título O Menino no Alto da Montanha, Sou suspeita para falar do livro já que, como disse, sou fã do autor. Tem resenha de outros livros do Boyne aqui no blog: O Menino do Pijama Listrado, O Garoto no Convés, O Palácio de Inverno, Noah Foge de Casa, Tormento, Fique Onde Está e Então Corra e Uma História de Solidão.
Para início de
"conversa", O Menino no Alto da Montanha tem como
contexto histórico a época da Segunda Guerra Mundial e a história é dividida em
três partes. Durante as três partes vamos acompanhar a história de Pierrot.
Na primeira parte acompanhamos Pierrot, uma criança de sete
anos vivendo com sua família na França e tem como melhor amigo um judeu.
Pierrot em sua imensa inocência e ingenuidade não consegue compreender as
constantes brigas de seus pais: um alemão (que lutou na guerra) casado com uma
francesa. Há muitas coisas que Pierrot não consegue entender, inclusive a
questão do preconceito contra os judeus, tanto que sua amizade com um judeu
surdo é um dos exemplos de sua inocência e pureza. A amizade é retratada com
demasiada delicadeza, é impossível não se encantar com essa parte.
No entanto, já na segunda parte do livro começam a acontecer
muitas mudanças na vida de Pierrot, sobretudo quando fica órfão e vai parar num
orfanato até que encontram sua tia Beatrix - a qual ele sempre ouviu falar, mas
nunca tinha conhecido - e ela manda buscá-lo para morar com ela numa casa no
alto da montanha chamada Berghof em que ela trabalhava como governanta. Essa
parte do livro é bem complexa, pois Pierrot vai conviver com os alemães e
aprender coisas nunca imaginadas, terá que perder um pouco sua identidade e
suas memórias e isso começa a partir do nome, quando sua tia Beatrix o troca
por Pieter, para que soe mais alemão. Pierrot não entende muitas coisas, no
entanto, aos poucos vai se transformando e mudando seu comportamento, sobretudo
quando conhece o dono da casa que aceitou sua presença nela: Adolf Hitler.
Pierrot está numa fase de crescimento e se vê exposto a uma série de ideologias
que contradiziam seu passado, mas que Pieter aceita e passa a seguir de maneira
achar que a crueldade é o que há de normal e certo.
"Por favor, confie em mim. Você pode continuar sendo
Pierrot no coração, claro. Mas, no alto da montanha, quando houver outras
pessoas por perto e, principalmente, quando o senhor ou a senhora
estiverem lá, você será Pieter."(p.86)
Já na terceira e última parte vemos Pierrot - agora
totalmente Pieter - completamente seguidor das ideias de Hitler e completamente
diferente de quem era quando chegou no alto da montanha, Pieter não é puro e
inocente, fazendo coisas inimagináveis para sua tão tenra idade. Confesso que
precisei de força para ler esse livro, porque é cruel e tão real... ver uma
criança ingenua e pura se tornar algo tão monstruoso por pura influência de
Hitler. É doloroso ver como se desenvolve essa parte do livro, inclusive depois
da derrota da Alemanha na guerra, a morte de Hitler e a invasão de Berghof.
Sim, há um epílogo onde podemos conhecer ainda mais que fim
levou Pierrot e como anda seus sentimentos em relação a culpa, arrependimentos
ou não, como ele está lidando com a consciência. Essa parte é fabulosa, sim,
mas ao mesmo tempo dolorosa, ver um personagem que aprendemos a amar (na
primeira parte) e a depois odiar (na segunda e terceira partes) dizer seus
sentimentos e responsabilidades diante das escolhas que fez. Pierrot perdeu
tanto de sua inocência e caráter que ao final da obra só conseguimos ver um
lastimável, solitário e desolado Pieter independente do que tenha ou venha a
construir.
Como sempre, acho incrível como John Boyne constrói suas
histórias em contextos tão trágicos e ao mesmo tempo faz com que o leitor além
de se emocionar possa refletir sobre o que está lendo, sobre a pior
"face" do homem.
Ao terminar a leitura de O Menino no Alto da Montanha fiquei
inquieta, uma parte eufórica por ler algo tão bem escrito e outra parte triste,
porque é uma história triste - não há nada de feliz em uma guerra - e
é extremamente angustiante acompanharmos a transformação de uma
criança com sua mente fraca/pura/inocente sendo corrompida por ideologias
devastadoras e cruéis, transformando um bom coração em algo tão cheio de
maldade a ponto de considerar aquele caminho aquela forma de ver a vida a
correta, já que foi o que lhe ensinaram - um caminho trilhado por outros o qual
foi "forçado" a percorrer.
Em suma, meu coração se despedaçou com essa leitura,
novamente, Boyne, foi um escritor destruidor e ao mesmo tempo magnifico.
Sem dúvida, Boyne, nasceu para escrever e continua no topo dos melhores
escritores que já li. Sem dúvida alguma você, leitor, deveria dar uma chance a
esse livro, certamente não haverá arrependimentos, no entanto, caso não o leia,
está perdendo a oportunidade de ler algo bem escrito, com uma história fabulosa
e envolvente.